Um assunto enroscado...
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- Categoria: envelhecendo
Goste-se delas ou não, as tampas de rosca estão, definitivamente, cada vez mais presentes.
As tais screw caps já são usadas na maioria dos vinhos australianos e neozelandeses, e começam a aparecer em vinhos europeus.
Mas existe uma espécie de concessão, quase que uma ressalva, feita a essas tampas, pelos mais tradicionalistas: elas podem até ser adequadas para a maioria dos vinhos, que serão consumidos jovens; mas eles costumam dizer que elas não são utilizáveis nos vinhos de guarda, que ficarão à espera do momento ideal de serem apreciados, talvez por mais de uma década.
Pois bem, talvez essa seja uma teoria que está prestes a ir por água abaixo.
Harvey Steiman, editor geral da importante revista Wine Spectator, e autor do famoso livro Essentials of Wine, acaba de levantar essa questão, em um artigo no qual defende a supremacia da tampa de rosca sobre as tradicionais rolhas de cortiça, mesmo para vinhos de guarda.
Em seu artigo, Harvey Steiman concorda que nada como uma rolha de cortiça para preservar um vinho, mas ressalta que rolhas perfeitas, capazes de fazer seu trabalho perfeitamente, são incomuns. Segundo ele, uma caixa de 12 garrafas arrolhadas com cortiça, abertas somente depois de uma década de guarda, vai apresentar 12 vinhos diferentes, sendo a maioria de um padrão aceitável, alguns perfeitos, e outros discrepantes, com gosto de rolha ou oxidação.
Isso não acontece com as tampas de rosca, por sua vez. E, mesmo que a indústria ainda não aceite essa solução para o envelhecimento de longo prazo, a experiência dele tem sido muito diferente, e positiva.
Em vários testes cegos dos quais Harvey Steiman participou, na Austrália, comparou-se o mesmo vinho arrolhado com cortiça, e lacrado com screw cap, depois de pelo menos 5 anos de envelhecimento. E ele diz que, na maioria das vezes, a vantagem ficou com a tampa de rosca, apresentando como resultado vinhos mais frescos, mais completos e mais complexos.
O envelhecimento em uma garrafa fechada com tampa de rosca, segundo ele, é capaz de manter o caráter frutado do vinho, que tende a diminuir ou até desaparecer com as rolhas de cortiça. E, reter o caráter frutado de um vinho é exatamente aquilo que as rolhas de cortiça só conseguem fazer quando permitem uma vedação perfeita, ou perto da perfeição.
Para aqueles que ainda não se convenceram, e buscam argumentos técnicos para rebater o envelhecimento em screw cap, ele faz questão de ressaltar que essa é a opinião de alguém (ele, no caso) que degusta mais de 1.000 vinhos com tampa de rosca, por ano!
Vamos ver, daqui para a frente, como se portará o mercado diante da opinião de alguém com seu currículo, sua experiência, e sua influência. Certamente também veremos opinões contrárias, e também vindas de fontes respeitáveis.
E, se quiser ler mais sobre screw caps e outras alternativas de arrolhamento, clique aqui.
Enquanto isso, aproveitemos todas as opções!
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